No século XVIII, narrativa histórica e narrativa romanesca, competindo por uma audiência semelhante, aproximavam-se de várias maneiras, compartilhando elementos formais, temáticos e funcionais. Minha pesquisa parte do pressuposto de que explorar esse contexto letrado específico é uma maneira interessante, alternativa a uma abordagem disciplinar e teleológica, de explorar questões pertinentes tanto à história da historiografia quanto à história do romance modernos, questões relativas à retórica e à construção da autoridade discursiva, aos limites da representação (do verdadeiro e do verossímil) e aos parâmetros ético-políticos e epistêmicos das narrativas histórica e romanesca. Sugere-se que a “história filosófica” setecentista e o romance do século XVIII compartilhavam um mesmo propósito pedagógico (incutir um temperamento “filosófico”, “civil” ou “polido” em seu público) e um conjunto de dispositivos retóricos comuns (entre os quais se destaca a presença de um narrador/crítico que intervém na ação narrada e orienta a atitude e juízo do leitor em relação a ela e aos personagens), que configuravam o que se poderia chamar “narrativa filosófica”.
Dia 20 de outubro ás 11H na sala F502.